Bruno De Lazzari

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. In luctus lacus turpis, vel lobortis eros consequat a.

O amante das formas

Bruno de Lazzari

"Na faculdade de arqui tetura aprendemos que temos a capacidade de projetar desde uma caneta até uma cidade.”

Entrevista com Bruno De Lazzari

P: O que é design pra você ?

          Design para mim é o processo de procurar soluções interessantes para objetos que tenham uma função objetiva para o ser humano.
          Se teve um processo interessante em sua ideia e concepção e não tem função objetiva, está mais próximo das artes, e se só tem uma função objetiva, sem conceito forte, está mais próximo da engenharia. Design fica nesse meio termo.

P: Arquitetura, design e marcenaria. Como é pra você o pensar e o fazer nestas três ciências, sendo que circula com desenvoltura em todas?

          Na faculdade de arquitetura aprendemos que temos a capacidade de projetar desde uma caneta até uma cidade, ou seja, o design faz parte também da arquitetura, inclusive a academicamente surgiu nela e depois foi se desvencilhando conforme foi ficando mais específico.
          A marcenaria é o meio com o qual tive mais contato para tornar minhas criações realidade, minha família tem histórico com a técnica, e o conhecimento da técnica, por sua vez, influencia a tomada de decisões de design. Está tudo interligado no meu processo.

P: Qual o espaço do design brasileiro no cenário mundial de móveis?

          O Brasil possui uma tradição consolidada no design de mobiliário em madeira. Com o avanço social da tecnologia, acredito que o ser humano está se aproximando cada vez mais daquilo que nos torna humanos, buscando o equilíbrio.
          Isso pode ser observado através de atitudes como a presença de mais plantas em casa, a alimentação com ingredientes naturais e a escolha de móveis de madeira maciça com design que contem uma história para contar. A abundância de madeira maciça e o legado deixado pelos mestres do design do século passado contribuem para a imagem privilegiada do nosso país nesse segmento.
          Poucos países podem se orgulhar de possuir esses recursos naturais e culturais o que nos da uma espaço privilegiado no cenário mundial.

P: Quais os valores que você busca comunicar nas formas que você cristaliza?

          Sinceridade , sentido e originalidade. Sinceridade em exaltar a beleza natural da madeira, se preocupar com o sentido dos veios, o acabamento que mais valorize a superfície, etc. Sentido pois cada decisão de design deve ter um porque, somente “fiz assim pois achei bonito”ou “fiz assim pois vi algo parecido na internet” não é o suficiente, cada decisão deve ser bem embasada no conceito, técnica ou funcionalidade, e isso naturalmente culmina no valor originalidade.

“A marcenaria é o meio com o qual tive mais contato para tornar minhas criações realidade.”

P: Você é um marceneiro que usa muito bem todos os recursos tecnológicos disponíveis, softwares para modelagem 3d, renders, impressoras multimateriais e CNC. Até aqui em todas estas máquinas o homem sempre esteve por trás pensando. O que você pensa agora das máquinas “pensando” por nós (IA)?

          Inteligência artificial é um assunto que penso diariamente, posso advogar o oficio de designer em algumas frentes. O designer é um artista, e queremos ver o artista produzir ou saber como ele produziu, tem algo romântico e humano que é insubstituível, quando a IA da IBM ganhou no jogo de Xadrez do Kasparov em 1996 muitos disseram que seria o fim do Xadrez, contudo o xadrez nunca foi tão popular, queremos ver humanos e humanos, sabe? O pintor não se tornou inútil com o advento da fotografia, sou otimista, espero que a IA vá otimizar os processos e trabalhos que consideramos chatos, reduzindo o custo de vida e sobrando mais recursos e tempo para nós usufruirmos melhor das artes.

P: Todas as coisas humanas parecem estar presas no tempo em que foram concebidas. É missão do designer produzir coisas que estejam libertas do tempo, chamadas por alguns de “atemporais”?

          Boa pergunta, não gosto do termo, gosto é de ser temporal, mas não no sentido de criar e replicar algo que está na moda, mas sim em criar com as técnicas e recursos que temos disponível hoje, as novidades.

P: Recentemente você descobriu violações graves de projetos seus (plágio). Como você reagiu a isso e por que o direito autoral é tão violado em design no mundo todo?

          É um sentimento agridoce, por um lado é ruim pois a maior parte do tempo se passa no desenvolvimento das ideias, na tentativa e erro, o processo de design é árduo e demorado, e ver alguém pegar a ideia pronta e somente replicar para se beneficiar financeiramente disso é injusto. Por outro lado, é interessante pensar que as ideias que tenho estejam influenciando pessoas.
          O plágio pode acontecer involuntariamente, por isso tenho cautela nas acusações e mais ainda em qualquer tipo de ação legal, mas tenho todas as minhas criações bem documentadas para me precaver se considero que houve, de fato, má fé.

“A abundância de madeira maciça e o legado deixado pelos mestres do design do século passado contribuem para a imagem privilegiada do nosso país nesse segmento.”

“O processo é o que me motiva, o produto é cereja no bolo.”

P: O que é manter-se atual em design e onde você se oxigena para fazer as leituras do mundo que fundamentam as tuas formas?

          Pessoalmente, eu tento me manter atual através da técnica, técnica projetual e técnica construtiva. Em alguns casos, conceitualmente também, meu projeto Bancolab só foi possível pois foi concebido através das mídias sociais.

P: Qual a sua experiência de maior realização pessoal como designer?

          Cada uma tem seu valor para mim, alguns foram mais pessoais como Berço Nina, alguns tecnicamente como o Banco Seven que foi bem complexo de resolver e outros por me dar bastante exposição.

P: A marcenaria pra você é apenas  um meio de realização do design? ou você também se enamora pelo caminho do fazer?

          O processo é o que me motiva, o produto é cereja no bolo. Já fui mais ansioso, de querer ver pronto rapidamente, e me frustrar com os erros, hoje aceito os erros muito naturalmente, são inevitáveis.
          A marcenaria tem disso, da experimentação a madeira é um material muito variável quando comparado a outros materiais como o plástico, menos previsível, o processo de prototipagem é indispensável quando se cria formas diferenciadas.

“temos que ter paixão pelo que fazemos, sem paixão eu não me dedicaria tanto.”

P: Você tem uma oficina industrial, onde administra artífices para produção ou isso é terceirizado?

          O Atelier fica incubado na fábrica da De Lazzari Mobiliário Urbano, no começo eu fazia tudo, mas agora com uma demanda maior ficou impossível, então instruo os colabores e eles me ajudam nos processos.

P: Todos os teus produtos são feitos e prototipados por você ou coisas há que você só projeta e remete para a produção?

          A prototipagem eu não delego, é nela que tenho muitas ideias e é nela que crio os processos para depois instruir e cobrar qualidade do pessoal.

P: Uma das peças mais delicadas que foram por ti produzidas foi o berço dedicado à sua sobrinha. O amor é o maior motor produtivo do designer?

          Acho que sim, temos que ter paixão pelo que fazemos, sem paixão eu não me dedicaria tanto. Tenho uma vida confortável, não é por ambição ou dinheiro, então acho que sim.

P: Você vem ministrando cursos de marcenaria moderna e design. Como tem sido a experiência de professor?

          Acho ótimo, pois é nela que reforço os sentidos que mencionei anteriormente na pergunta dos valores, ensinar nos faz continuar nessa reflexão. É um workshop do meu processo de uma maneira bem global, ele não substitui em nada um curso de marcenaria tradicional, por isso sempre recomendo amigos, como vocês, quando me é questionado.

P: Alguma dica ou recomendação para os artífices de marcenaria que estão começando na milenar arte ?

          Fazer algum curso prático, o contato com a madeira é insubstituível. Se já o tiver, sempre recomendo aprender um software 3d, é muito rápido para testar ideias.

Calendário de Cursos

Março

16 e 17 - Introdução ao estudo da marcenaria e afiação de ferramentas

30 e 31 - Teoria geral dos Encaixes de madeira

Abril

13 e 14 - aplainamento – plainas manuais, desempenadeira e desengrossadeira.

27 e 28 - Serra elétricas estacionárias: serra circular e serra de fita: tipos, evolução, segurança, operação, gabaritos etc.

Maio

18 e 19 - Cadernos de Madeira – Professora Alice Alfano - Ateliê da Mata

25 e 26 - Marcenaria moderna de gabinetes (MDF). Professor Hermes

Junho

8 e 9 - Introdução ao estudo da marcenaria e afiação de ferramentas

22 e 23 - Workshop do candelabro woodsmith

Julho

13 e 14 - Tornearia de cumbucas com professor Thomaz Brasil – Madeira que Gira

20 e 21 - aplainamento – plainas manuais, desempenadeira e desengrossadeira.

Agosto

10 e 11 - Teoria geral dos Encaixes de madeira

24 e 25 - Serra elétricas estacionárias: serra circular e serra de fita: tipos, evolução, segurança, operação, gabaritos etc.

Setembro

14 e 15 - Workshop de garrafas torneadas com professor Thomaz Brasil – Madeira que Gira

21 e 22 - Teoria geral dos gabinetes. Professor Aluizio Tomazeli.

Outubro

12 e 13 - Introdução ao estudo da marcenaria e afiação de ferramentas

26 e 27 - Workshop de mesa de centro

Novembro

16 e 17 - curso de acabamento em madeira

23 e 24 - Serra elétricas estacionárias: serra circular e serra de fita: tipos, evolução, segurança, operação, gabaritos etc.

Dezembro

7 e 8 - Workshop de candelabro Woodsmith